Supercomputadores avançam no Brasil gerando cada vez mais desenvolvimento em pesquisa
por Carlos Saturnino

Os supercomputadores já são, em parte, responsáveis por medir o índice de desenvolvimento tecnológico de um país. O Brasil ocupa o posto de maior campo da América Latina nessa corrida tecnológica de incidência global, sendo aqui a residência de alguns dos 500 maiores supercomputadores do mundo, entre eles o Santos Dumont (SDumont), localizado na sede do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis-RJ.

Imagem 1 - Sede do supercomputador SDumont, no LNCC.

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Fonte: Imagem divulgação, LNCC.

O SDumont é responsável por realizar pesquisas científicas em diversas áreas de conhecimento, porém nos últimos meses as pesquisas em saúde e bioinformática receberam destaque devido a todo o contexto pandêmico da corrida por tratamentos, vacinas e dados científicos. O supercomputador, que até 2020 era considerado o maior da América Latina, é ferramenta fundamental para o tratamento de dados em uma era de aumento significativo da produção de conhecimento. A máquina é capaz de realizar uma completa análise do genoma humano em menos de uma hora, enquanto outros computadores levariam em média dois dias para conseguir o mesmo feito.

Além das pesquisas referentes a pandemia do SARS-CoV-2, o SDumont já desempenhava um importante papel nos estudos de saúde e bioinformática no Brasil, desde seu lançamento em 2015. A máquina, que integra em média 230 estudos científicos, está envolvida no desenvolvimento de novas drogas utilizadas no tratamento do HIV, pesquisas sobre Zika e Dengue, na análise da exploração de petróleo e gás no território brasileiro, como também em estudos sobre utilização e desenvolvimento de modelos de energia renovável. Todo pesquisador vinculado a uma instituição brasileira, com um questionamento relevante e que demande um sistema computacional de alto desempenho pode submeter propostas para utilizar os recursos de desenvolvimento do SINAPAD (Sistema Nacional de Alto Desempenho, desenvolvido e coordenado pelo LNCC).

Em busca de inovação, petrobras investe em computação de alto desempenho (HCP)

A empresa brasileira investiu cerca de R$ 300 milhões em HCP desde 2018, sendo um terço desse montante destinado ao desenvolvimento daquele que viria a ser o maior supercomputador da América Latina. Chamado de Dragão, a máquina começou suas operações oficialmente em junho de 2021.

Imagem 2 - Supercomputador Dragão

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FOTO: Rafael Wallace, Agência Petrobras - Imagem Divulgação.

Para a petrobras, os investimentos em HCP são de grande importância para que a multinacional não seja passada para trás no mercado internacional, isso porque quando falamos de recursos para exploração de petróleo e seus derivados, a posse de mecanismos de computação de alto desempenho possibilita o processamento geofísico, mapeamento geológico, pesquisa e engenharia de reservatórios, além de gerar imagens de áreas estratégicas para exploração e produção, gerando assim uma maior assertividade na realização da pesquisa. Outros dois dos três maiores supercomputadores latino-americanos também são de domínio da estatal brasileira, são eles o “Atlas” e o “Fenix”, ambos se encontram no Centro de Processamento e Tratamento de Informação (CPTI) da Petrobras, no Rio de Janeiro (RJ).

UFRN se destaca por infraestrutura em Supercomputação

Imagem 3: Samuel Xavier, diretor do NPAD e supercomputador do IMD.

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Fonte: Anastácia Vaz, Portal da UFRN.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte possui hoje o maior supercomputador disponível em uma instituição pública do Norte e Nordeste, o aparelho encontra-se no Instituto Metrópole Digital (IMD). O instituto também desenvolve o incentivo à pesquisa a partir de um Núcleo de Processamento de Alto Desempenho (NPAD), que possibilita o aumento da produção científica não só na universidade como em toda região. A partir do NPAD os pesquisadores potiguares conseguem ter acesso a computação de alto desempenho sem grandes preocupações com gerenciamento de recursos, viabilizando a pesquisa em tempo e qualidade. Professores efetivos da universidade que estejam em condição de Coordenador de Pesquisa (CP) possuem direito incondicional de uso, também é possível pleitear o uso como colaborador (CO), caso faça parte de um projeto institucuinal na UFRN coordenado pelo CP, seja aluno de pós graduação do CP ou tenha um plano de trabalho submetido pelo CP e aprovado pelo Comitê Técnico-Científico do NPAD. Para cientistas de fora da universidade existe a condição de usuário contratante, comprando créditos para uso do NPAD. O Núcleo já contribuiu com o desenvolvimento de 170 publicações científicas, inclusive em revistas de alto impacto, como a The Journal of Supercomputing e a Scientific Reports.