Liga Brasileira de Bioinformática
por Renata Cavalcante

Neste ano de 2019 teve início a Liga Brasileira de Bioinformática (LBB), uma competição de Bioinformática e Biologia Computacional, na qual estudantes de universidades federais, particulares e demais membros da comunidade acadêmica puderam testar os seus conhecimentos em Bioinformática.

Equipe organizadora da Liga Brasileira de Bioinformática

Comissão organizadora da LBB

A LBB surgiu por iniciativa de estudantes de Doutorado e Mestrado atuantes na área de Bioinformática, juntamente com integrantes do Regional Student Group (RSG Brazil), uma rede brasileira de estudantes afiliados à International Society for Computational Biology (ISCB). Esse grupo de colaboradores possuía uma grande motivação em realizar uma competição no estilo de olimpíadas para Bioinformática, como aquelas que já existem em outras áreas, como matemática, robótica e programação. Fizeram parte da Comissão Organizadora da LBB: Elvira Horácio, Flávia Aburjaile, Lucas Carvalho, Sheila Nagamatsu, Maira Neves, Mayla Abrahim, Néli Fonseca, Nilson Coimbra e Raquel Riyuzo.

Professora Flávia Alburjaile

Flávia Aburjaile, membro da organização da LBB

De acordo com Flávia Aburjaile, membro da organização da LBB e atualmente professora visitante no Departamento de Genética da UFPE, a LBB surgiu com o intuito de promover a network da Bioinformática brasileira. Segundo ela, existe a necessidade dos diferentes grupos de Bioinformática das cinco regiões brasileiras de se conectarem mais uns com os outros. Como a Bioinformática é um campo que permite a realização de trabalhos virtualmente, independentemente da distância, montar essas networks certamente irá melhorar muito o trabalho da Bioinformática em âmbito nacional.

O público alvo da competição foram estudantes, principalmente de pós-graduação, assim como também profissionais da área. Em torno de 120 participantes se inscreveram na LBB, totalizando 56 equipes de 2 a 3 integrantes. O único requisito é que pelo menos um dos integrantes da equipe fosse aluno vinculado a uma instituição de ensino superior. A formação das equipes ficou a critério dos participantes, mas o interessante é que a composição do grupo fosse a mais diversa possível, já que a primeira fase contava com questões que incluíam as áreas da Computação, Biologia e conceitos da Bioinformática. A LBB criou um slack e outras mídias sociais para interagir mais com os participantes, e graças a essas ferramentas, pessoas que estavam sem equipe puderam procurar a coordenação do evento, que realizou sorteios para formação das equipes. Dessa forma, todos que tivessem interesse puderam participar.

A LBB foi dividida em três fases, sendo a primeira teórica, com 60 questões de múltipla-escolha (ocorrida em 4 de agosto de 2019), a segunda contendo cinco desafios de Biologia Computacional (ocorrida no período de 13 a 15 de setembro de 2019) e a terceira será uma apresentação de um projeto de pesquisa durante o X-meeting 2019, que ocorrerá do dia 31 de outubro. A primeira e segunda fase foram exclusivamente online, isso para possibilitar que em qualquer lugar do país ou fora, as pessoas pudessem participar. Já a terceira fase, apesar de ser presencial, também permitirá a apresentação via webinar. A LBB também contou com o patrocínio do Hospital Albert Einsten e da Plataforma Varsation, para a premiação do evento. Além destas instituições, professores efetivos da UFMG, USP, UNICAMP e UFRN também apoiaram o projeto, auxiliando na formulação dos desafios computacionais da segunda fase da LBB.

De acordo com a organização do evento, além de estimular interações entre os diversos grupos que trabalham com Bioinformática no país, um dos principais intuitos do evento é impulsionar o conhecimento. Analisando os resultados da primeira etapa foi possível verificar o que a comunidade da Bioinformática precisa reforçar no ensino básico para os estudantes. Os membros da LBB constataram, por exemplo, que pontos chaves, como alinhamento de sequências, parecem não ter sido devidamente incorporados à formação fundamental dos discentes ao longos dos anos. Notou-se também que existe um déficit em conceitos primordiais em estudantes que estão no final do Mestrado ou Doutorado. O motivo disso pode estar relacionado com o maior comprometimento desses alunos com o foco específico de seus projetos de pesquisa, de tal forma que conceitos mais gerais da área se perdem ao longo dos anos. O corpo da LBB fez um levantamento das questões que tiveram os maiores índices de erro, e posteriormente pretende repassar para os programas de pós-graduação, a fim de elevar o ensino da Bioinformática a nível nacional.

Eventos como esse geram impactos significativos no campo acadêmico. Os membros organizadores da LBB visam fortalecer a Bioinformática a nível nacional, fazendo a união dos grupos que trabalham com Bioinformática, para que ocorram mais colaborações e interações entre os mais diversos grupos. "Além de estimular essas competições no Brasil, que são tão comuns no cenário internacional, nós, membros organizadores da LBB desejamos despertar mais interesse dos grupos de Bioinformática do Brasil em participar de eventos como este, também a nível internacional", comenta Flávia.

A expectativa é que a LBB ocorra anualmente, porém, como essa é a primeira edição, o corpo organizador avaliará os resultados dessa primeira edição e assim estabelecerá se o evento realmente terá uma periodicidade anual ou um intervalo de tempo um pouco maior. A comissão organizadora ficou surpresa diante do número de participantes atingidos e espera que o evento possa crescer cada vez mais nas próximas edições. Apesar deste número, os organizadores também constataram que a divulgação deve ser intensificada para recrutar mais participantes, principalmente das regiões Centro-Oeste e Norte, tanto para abranger melhor os participantes envolvidos com a Bioinformática no país, quanto para a organização do evento.

Para ficar por dentro sobre o que aconteceu nas fases da I Liga Brasileira de Bioinformática, acesse: https://lbb.ime.usp.br/ ou acompanhe os canais oficiais da competição pelo Instagram: @ligabrasileiradebioinformatica, ou Facebook: Liga Brasileira de Bioinformatica.